(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Autolapidando-me (ou não podia ser perfeito)

Não podia ser perfeito não é?

Quando fica bom de mais, eu sempre tenho medo.

Dessa vez eu estava frágil, desprotegido.

Sem-medo-por-de-mais.

Foi um dia bonito.

Foi um dia divertido.

Foi uma ligação “de boba” linda, tão linda quanto eu jamais recebi antes.

Foi um filme lindo.

Foi tudo lindo, e tudo ia continuar lindo.

Mas não podia ser perfeito não é?

Eu reclamei que não tinha, há tempos, razões para escrever.

-Parabéns, Gabriel. – Agora você tem uma razão para escrever.

Quando nem tudo está perfeito você aprende a escrever de novo, não é? Porque, bem se vê, naturalmente, que quando tudo está perfeito você é o mais absoluto iletrado, primitivo e idiota homem de neanderthal.

Mas, Gabriel, será mesmo que a escrita por si só te torne tão mais evoluído, atual, menos primitivo e mais homem moderno assim?

Sabe, Gabriel, você continua com os mesmos vícios, e cometendo os mesmos pecados, dos homens de neanderthal.

É, Gabriel, você continua pré-histórico e bruto.

Se autolapidando debaixo da lua, alquimicamente.

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