(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Valsa de Gaia

Tem a solidão do poeta, a paixão da chuva tardia
escultora da linha reta, que a luz percorre e esta via
salta do seu olho, é uma seta, o nascer do sol, mais um dia.

[A Fada Azul, Oswaldo Montenegro]

~

Como por obra de um narrador fantástico

Os ponteiros do relógio caminharam para trás.

Segundo por algum doce, segundo por segundo, se...

Se eu quisesse assim, bem devagar no tique e taque lento

e secreto, e carinhoso.


Um sol que desce para o leste

Uma lua que nasce mais cedo

A água de quem desesquece

Um afago pro poeta com medo.


Quase um traço de pintor ausente

Certo como quase nada por ser

Meus segredos, quase todos revelados

Sem palavra minha pra dizer.


Teu 'Sou' fia tudo em tua crença,

e se acredita hermético e sozinho

O sol tem sempre sua contraparte fêmea

Sua lua, sua estrela, sua terra. Gaia.

Passarinho.