(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

sexta-feira, 27 de março de 2009

Soneto em nada

condição para ler este texto: ler o de baixo primeiro. Nada de ler só poesia.

Esmeralda em diamantes lapidada,

Se sob o sol silencia sossegada:

Sílfide leve que suspira serenada.

Ser e nada.


Anônima mulher espiralada,

Imagem de respiro, no espelho, alada.

Folha ao vento, sem destino, abandonada.

Alba e nada.


Risada leve que, olímpica, emprestada

Passa onírica nos sonhos costurada.

Olhar de céu e de musa consternada

De querer sempre, que quer muito e não quer nada

Quer e nada.


Luz que é dos olhos, pelos poros transpirada

O meu alento é teu hálito, e a risada

Faz produzir, musa, música rimada.

Rima em nada.


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