(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

sábado, 19 de dezembro de 2009

A morena e a flor

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Te via nua, morena,
numa rede ao lado de mim
E era pedir muito, pena,
que não caísse uma flor, e assim
Não te cobrisse em pudor
Cada fonte recondida de amor.

Era pedir muito, morena,
Não querer que se escondesse dos meus olhos
Tua boca, os teus lábios, os teus seios.
Era pedir muito, pequena,
Querer-te sempre a espera do meu beijo.

E o vento, como um pai para uma filha,
Te cubriu de pétalas de flor
E aos poucos, um lençol de rosas
Te fez inteira virgem de rubor.

Ai, morena,
Minha sede foi a chuva quem matou.
A tua, o orvalho da manhã.
Minha fome era de vida, morena,
Tua fome era maçã.

Ai, doce menina,
Minha saudade machucava o peito,
Tua inocência acordava o sol.

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