(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

sábado, 24 de outubro de 2009

Família - ê!

A prima que puxa a orelha da avó
Que brinca, que chora, que grita.
A tia que implica e empaca sem dó
O menino, pequeno, mimado, faz fita.

Era uma vez família perfeita.
Não, nunca houve, nem nas histórias.
E a perfeita nenhuma nunca é eleita, e
Faz parte das velhas memórias.

O primo bonito, o tio meio torto,
O avô que contava histórias tá morto.
A filha arrumada, vaidosa, lindinha
Tem uma orelha que é meio caída,
Que sob o cabelo alisado, tingido,
Passa quase que despercebida.

No fim da história não gosto, não quero,
Não chego perto e retiro da vida,
Mas dentro do abraço dos tios e da prima,
Só posso cantar: família querida.

2 comentários:

Autora escondida disse...

Ga querido! Muito bonita essa!!

frô disse...

Adorei! realista.. rs