(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Aroma doce da rosa branca
Em céu malhado de cinza
Porta de vidro sem tranca
Em casa vazia.

Relógia atrasado, por falta de bateria.
Última página, faltando um pedaço,
Que nem nos importaria.

Prédio vazio, sem morador,
Com guardas na portaria.
Velha sem netos, sem roupas novas,
Sem clientes, que sempre fia.

Roupa lavada, guardada, esquecida,
Cheiro de ontem, de omo, de amor.
Pétalas velhas das flores jogadas
Atrás da cortina, pro melhor ator.

Cartas não lidas, mas bem jogadas,
Astros que apontam a falha da sorte
Cada detalhe despercebido
São intermitências da morte.

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