(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

domingo, 6 de setembro de 2009

Novelo


Nesta vida não ganha prêmio quem age bem (ninguém age bem).
Quantos foram os que vi darem com a cara no muro
Por serem bons e retos e certos e justos?

Dá-se bem quem tem que se dar
Sem haver a justiça ou a falta dela
Porque tudo é a mesma coisa desagradável.

Quanto reclamam, meus amigos, das vidas que têm desde o nascimento.
A chamam-na de tudo, e como mais alto insulto, de injusta.
Digo-lhes com um sorriso meio corro...ído no rosto:
-Graças a Deus, não é?
E eles concordam em constrangido silêncio imóvel,
Porque todos já meteram-se em mais erros do que poderiam pagar na vida que lhes sobra.

E meus amigos são sábios e santos, como quaisquer amigos de qualquer um qualquer,
Pois quem não cometeu tantos erros
Não é mais que quem não os admite.
E é tão sujo! Tanto-quanto.

2 comentários:

Crystyne Gomes disse...

sugestivo.

Autora escondida disse...

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo." (Álvaro de Campos)

Poesia maravilhosa, essa sua vida.