Todos os novos versos
as novas rimas
ou as novas ausências de rimas
são reedições de poemas antigos
todas as novas aventuras
são novidades falsas do que não houve
os novos interiores reescritos
os novos beijos iguais e tão molhados
quanto os do alto clero medieval
as novas transas iguais e tão molhadas
quanto as das freiras dos mosteiros espanhóis
todos os oxímoros confusões habituais
todas as frases de efeito
função fática
saída fácil
re-petição de piedade impressione-seporfavor
todos os novos erros justificados pela tentativa de mudar
são injustificáveis
porque são erros antigos repetidos
as qualidades cópias
os defeitos repetição
as palavras, rec-play
rec-play-rec... irrec-uperáveis
eternamente resgatados
repetidamente repetidos
rep RIP e ternamente
a poesia chegou ao seu extremo
ao seu delírio
à sua demência
à sua escultura
à sua desgrafia
à sua deseternidade fácil
à submersão no barulho
no silêncio
na imagem
no pisca-piscadasluzesestroboscópicas
mas este é seu curso natural
a sua pororóca
deprimente é o retorno da poesia
à sua inocência original
como uma prostituta
que se vista como uma princesa
ela se vê ridícula
mente bela
num mundo feio
ela retorna
as rimas retornam
os versos recontados tornam
a fazer novamente parte dos
poemas e as sequências de v
ersos são novamente contad
as para que tudo pareça cert
o num mundo errado em de
sespero, num mundo em qu
e cento e quarenta carácter
es são suficientes para mud
ar a vida de sabe-se lá quem
repete-se o que se diz em 1
40 caracteres, como se rep
ete o que se disse nos maio
res poemas do mundo, com
o se a beleza aos poucos pa
dessesse de um mal irrem
ediável: desenvolvimento.
Um comentário:
Uou..bom.
Cara muito bom.
Triste também... triste não, meio selvagem. Será isso exatamente?
sei lá.
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