(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

sábado, 5 de dezembro de 2009

Traduzindo Bandeira

Resolvi tomar vergonha e começar a traduzir. Tenho medo de que isso só me dê mais vergonha. O original do poema abaixo é o em português, do Manuel Bandeira. A tradução é minha, com o perdão do início de trabalho.

SONETO INGLÊS Nº 2 – Manuel Bandeira

Aceitar o castigo imerecido,
Não por fraqueza, mas por altivez.
No tormento mais fundo o teu gemido
Trocar num grito de ódio a quem o fez.
As delícias da carne e pensamento
Com que o instinto da espécie nos engana
Sobpor ao generoso sentimento
De uma afeição mais simplesmente humana.
Não tremer de esperança nem de espanto.
Nada pedir nem desejar senão
A coragem de ser um novo santo
Sem fé num mundo além do mundo. E então

Morrer sem uma lágrima, que a vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida.

~~~~~~.~~~~~~

ENGLISH SONNET Nº2 – Manuel Bandeira (Trad. Gabriel Salomão)

To accept the undeserved castigation
Not for weakness but for pride
In the most profound misery your lamentation
Change for who did it on a hateful cry.
The luxuries of flesh and thinking
With which the species' instinct does fool us
Underrate for the unselfish feelings
Of the simplest of human affections.
Not to shiver for fear or hope
Nothing ask or fancy that is not
The bravery of being a further pope
Lacking faith on a world beyond this orb. And so

To die without a tear, 'cause life
Doesn't worth the pain and sorrow of the lifetime.


Um comentário:

frô disse...

mais um entre os 10! Que tal uma antologia dos 10 a serem levados pra Ilha da utopia?