(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]

domingo, 20 de dezembro de 2009

Poema (Só)Lírico


Havia música, eu lembro, e o quebra nozes!
Havia vida, e festa e convidados
E os meus sentidos estavam todos vidrados
Em cada uma de tuas metamorfoses.

Da menina que chegou, a prima e a irmã
À bailarina que chamou minha'tenção
Da dançarina que girava e de manhã
Ainda me deixava louco de paixão

Até tua respiração pude notar
Se transformando com o tempo e a canção
E dentro do meu peito, quase em oração
A música tocava em ritmo de palpitar.

O teu nome até hoje eu não sei
Não perguntei, ninguém me disse, e eu não descobri
A impossibilidade me persegue, e eu te segui
E descobri onde mora, isso eu já sei.

A espessura dos teus lábios eu ganhei
E adivinhei com meus olhos anuviados
Cada milímetro teu eu já abracei
E te vi em mil sonhos acordados.

E nas pálpebras ficou tua impressão,
E me lembro, nos lábios, teu sabor.
E o frio de agora faz lembrar o teu calor,
E todo o tempo, em minha pele, a tua mão.

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