Eu respirava o ar da tua boca
Você nunca notava e me perdia
E me batia e se perdia me atirava
E se atirava eu me escondia e me chorava
E a flecha embebida de veneno
Que perfurava, me furava e atravessava
Era ainda incômodo pequeno
E eu ainda me feria e porque amava
Eu perseguia tuas pegadas num terreno
De cacos de vidro ensaguentados
Mas mesmo meu temor era pequeno
O sangue era expurgar os teus pecados
Com meus pés, teu alívio ameno,
Era o vermelho a cor do ser amado
Sob um lençol de estiletes revirados
Me mexia em completo pesadelo
E teu sonho leve era um grande desespero
Para o meu interior, tão desvelado
Você já conhecia cada parte
Cada linha, cada sombra, cada pelo
E teus cílios de água viva, em meus anelos
São meus amores, os meus beijos a queimar-te.
Você me foge, e me ficam as lembranças
Queimaduras no meu corpo de criança
Cada espelho que me tem reflete meu horror
E eu me olho,
no meu banho,
vermelho,
águas de amor.
E eu me olho,
no meu banho,
vermelho,
águas de amor.
2 comentários:
Lindo... nossa... tô arrepiada.
Que maravilhoso!!!!!
Venho aqui um tempo depois reforçar o QUANTO eu gosto dessa poesia.
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