E o único dom que te deram, homem,
Transformas-te em maldição.
Fizeste da tinta negra o sangue
E da canção o fim das cordas
Do instrumento musical.
Escreveste o vitória das hordas
De bárbaros negros sobre cidades
Destruídas.
Criaste, com a tua pena, homem,
Um mundo de desespero e desamor.
E isso tudo, escritor saudoso,
Com tua letra fina, doce, aérea, plácida
E tranquila.
É proibido, te gritou o Céu,
Escrever.
É proibido dar a conhecer
A magia que jaz em cada letra.
Tu escreveste, homem,
E amaldiçoas-te, por isso, a raça humana.
E tudo isso com tua pena leve,
Com tua tinta branca,
Com tua letra fina, doce, aérea, plácida
E tranquila.
E este diamante de tortura
É o que tens de mais precioso em ti.
É o teu coração, um grande cristal de rocha
Que deixa passar a luz, e retém a sombra do mundo.
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