Serei estátua branca à luz da lua, para sempre
Observando mundo e estátuas outras rindo.
Observando águas ácidas caindo.
E observando placidezes anuviadas.
Agasalhado pela dó do povo que admira
Em transe, a estátua que o fita, imóvel
E quando cair chuva e pombas mortas aos meus pés,
Não moverei meus olhos, não poderei mais com as pedras.
E quando a luz do sol bater furiosa sobre mim
Indefeso me deixarei queimar. Câncer na tez.
E depois, sem ainda poder me defender,
Esperarei meu fim sem nunca terminar,
Eu nunca, eu jamais terminarei. Eu sou o começo.
Mas o começo pode ser interrompido, facilmente
Por um sopro, pela brisa, pela morte
E quando um dia, feliz e finalmente, eu for interrompido,
Ah, me considerarei começo-estátua de sorte.
Enquanto ela não vem, o sopro, a brisa, a morte,
Espero sobrevivo sem ser o bom poeta
O bom amigo, o bem-amado.
Ah, não quero ser abandonado à minha sorte.
Eu não só forte como pareço, não sou forte.
Quero ser interrompido pela minha
Desanunciada morte.
Não essa morte dos caixões,
Mas a outra, a centrífuga,
Que nos faz tolerar sem esperança.
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