E MENOS QUERO QUE ACHEM QUE SOU SUPERIOR À QUALQUER UM POR QUALQUER RAZÃO, ESTOU APRENDENDO COMO TODOS NÓS, SE FUI COM MAIS SEDE AO POTE, É PORQUE GOSTO E ME FAZ FELIZ, E É SÓ.
Sinto, por vezes, necessidade de ter perto de mim os amigos que tenho. Sinto que quero tê-los perto porque, poxa, eu sempre estou lá quando eles precisam. Quero poder ligar e dizer qualquer coisa, quero ter perto as pessoas que me têm perto entende?
Às vezes penso “poxa, quando eles têm problemas u sou o primeiro a querer ouvir e ajudar. Sou o primeiro a ser Amigo e elogiado, querido. Mas quando não têm problemas, eu fico, e fico, e fico, até o próximo problema surgir”. É bem verdade que se eu os procuro são gentis e fazem me ouvir. Se eu desejo muito vê-los ou digo que tenho saudades, eles correspondem (ou ao menos assim parece pelas suas palavras) e dizem também ter saudade e se colocam à disposição para me verem e serem vistos assim que, em comum, tivermos um momento.
Mas o momento quase nunca acontece. Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, um dia a gente chega, no outro vai embora. Eu nunca me acostumo com ir embora, eu não me acostumo com o fato de meus amigos precisarem de mim e eu estar lá para eles e eles estarem lá se eu preciso deles, mas se não nos precisamos é como se não existíssemos.
Mas faz tão triste ter que trabalhar para que uma relação de Amizade exista. Não pode ser assim. Amizade tem que existir sem trabalho, sem necessidade do correr atrás que os amantes têm. Na Amizade tem que acontecer tudo com tranqüilidade, temos sim que estar dispostos ao trabalho de ajudar o amigo sempre que este precisar, mas não podemos ter de ter trabalho para fazer algum elo existir entre nós e os amigos.
Amizade não é Paixão, no máximo um tipo diferente de Amor. Mas se tem nome diferente, é porque é diferente em essência.
Então me lembro que, na verdade, o certo é mesmo eu existir para ajudar as pessoas, não interessando muito se são amigos ou não. Sempre me esqueço. Sempre que não leio o bendito poema de Kipling, esqueço (poema SE). Tenho de lembrar com mais freqüência de que aqueles que Conhecem não podem ter o egoísmo de exigir amigos do mundo. Não podem ter o egolatrismo de achar que estão fazendo muito correndo atrás de um amigo. Não devem correr atrás. Devem sim, antes, estar sempre lá e se fazerem sentir para que ninguém se sinta desabrigado.
Há que se estar embriagado em paz para poder ser assim, não é fácil e é por isso que eu por vezes desisto. É pela gigantesca dificuldade de ser assim que por vezes fico um bom tanto triste e acho que estou recebendo muito menos do que mereço.
Esqueço que a graça das roseiras tem de estar em cultivá-las e não em admirar as rosas. Quando há rosas, as roseiras não necessitam mais de mim. É hora de agradecer em silêncio, sair de cena e deixar as cortinas abertas, caso alguém deseje subir ao palco.
E ainda aprenderei que cuidar de roseiras não pode ser colher rosas.
“Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores...
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores,
[...]
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...
Se vivendo entre os reis, conservas a humildade...
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade...
Se quem conta contigo encontra mais que a conta...
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraie em séculos fecundos, [...]”
Nenhum comentário:
Postar um comentário