Eu escuto o tempo todo:
a língua não pode tudo.
aquilo que gostaríamos de dizer é
sempre
i n a t i n g í v e l
Mas, mesmo gostando do silêncio
como eu gosto.
Mesmo sabendo que há sentidos
que só existem quando não
se diz...
nada, ainda assim
Eu quis acreditar que a língua
podia. Tudo.
Ilusão.
São infinitas as vezes em que
o que eu gostaria de dizer
me escapa e
o que você não diz
me chega.
Nítido. É
que a língua não nos serve
ela não se dá.
E tudo o que dizemos
não chega à metade.
Queria que houvesse um jeito
de dizer. Te amo.
E quem ouvisse fosse
o centro do teu peito.
Não há. Há pelo menos
teu ouvido. A ele apelo:
Diz a ela o que te digo
faz com que ela escute
no meio da vida
No coração da alma: Amor.
(Sim, sei, vocês não sabem de que estou falando porque a beleza desapareceu há muito tempo. Ela desapareceu sob a superfície do barulho - barulho das palavras, barulho dos carros, barulho da música - no qual vivemos constantemente. Está submersa como a Atlântida. Dela só restou uma palavra cujo sentido é a cada ano menos inteligível.)
[Milan Kundera]
sexta-feira, 29 de maio de 2015
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