Ela vem dos fundos das veias
Ela mora nas línguas cansadas
E nas mãos doloridas.
Ela respira o ar parado do tempo
E ela corre no redemoinhos das eras
Se sustenta dos olhos de homens
Se equilibra nas ansias e angústias
Perpetua-se no sofrimento e na dor
Eleva-se nas vitórias cantadas
Ela se esconde atrás de monumentos
Atrás de imortais heróis protetores.
E subexiste silenciosa e fria
Num mundo sem dor e sem sentido.
Ela chora, e ri, e geme, e grita
Ela dorme e acorda, e implora, e urra
Ela avança e retrocede e atira e perfura
Ela abençoa e assusta, e mata e cura.
Ela lentamente entra entre as alturas
Ela falsamente finge as sepulturas
Ela tece vagarosamente as tecituras
E nunca diz seu nome, literas-duras.